É comum que empresas de diferentes portes, modelos de negócios e até, por vezes, concorrentes diretos façam parcerias em prol de projetos em comum que vão beneficiar ambas as organizações. No mundo dos negócios, nós chamamos isso de joint ventures e há diversos bons exemplos de como esse tipo de empreendimento realmente funciona.
Neste texto, vamos falar sobre o que são joint ventures, como elas funcionam, de que maneira as empresas podem aproveitá-las e algumas dicas para implementar acordos dessa natureza com o máximo benefício para o seu negócio. Acompanhe conosco!
Sumário
1- O que são joint ventures?
2- Como funciona uma joint ventures?
3- Tipos de joint ventures
4- Diferença entre joint ventures e holding
5- Quais são as vantagens de uma joint ventures?
6- Quais são as desvantagens de uma joint ventures?
7- Dicas para ser bem sucedido em uma joint ventures
8- Exemplos de joint ventures de sucesso
9- Riscos de uma joint ventures: como evitar
10- Joint ventures é uma estratégia para o seu marketplace?
11- Conclusão
O que são joint ventures?
São acordos de negócios onde duas ou mais partes se reúnem para reunir seus recursos e conhecimentos a fim de realizar uma tarefa específica, desenvolver uma única empresa ou projeto com fins lucrativos.
Essas partes podem ser indivíduos, empresas ou organizações que se unem para compartilhar riscos, recursos e lucros. As joint ventures permitem que as empresas acessem novos mercados, compartilhem conhecimento e se beneficiem das forças e oportunidades das partes envolvidas. Uma das vantagens significativas das joint ventures é que elas permitem que as empresas combinem seus pontos fortes para atingir um objetivo comum.
Por exemplo, uma empresa de tecnologia pode colaborar com uma empresa de manufatura para desenvolver um novo produto que utilize a experiência tech e as capacidades de produção da indústria. Isso pode resultar em um produto melhor e maior lucratividade para ambos os negócios.
As joint ventures também podem ser usadas para concorrer a contratos governamentais. Nesses casos, as empresas podem formar uma joint ventures para reunir seus recursos e expertise, tornando-as elegíveis para um contrato.
Como funciona uma joint ventures?
As joint ventures podem assumir várias formas, incluindo acordos contratuais ou sociedades de responsabilidade limitada. Sua estrutura depende da natureza do projeto, das partes envolvidas e de seus objetivos. Elas podem ser estabelecidas para uma variedade de propósitos, como acesso a novos mercados, desenvolvimento de novos produtos ou compartilhamento de conhecimento e recursos.
Em uma joint ventures, as partes envolvidas compartilham as responsabilidades e os riscos associados ao projeto. Eles também compartilham quaisquer lucros ou perdas resultantes do empreendimento. As joint ventures podem ser uma maneira flexível e eficaz para as empresas colaborarem e atingirem objetivos compartilhados, minimizando riscos, maximizando oportunidades de crescimento e lucratividade.
Essa estratégia é muito utilizada, tanto no Brasil como no exterior, de maneira que você poderá ver nos próximos itens deste texto.
Tipos de joint ventures
Do ponto de vista legal e jurídico, há dois principais tipos de joint ventures realizados entre indivíduos e organizações: as contratuais e as societárias. Veja as principais diferenças entre elas.
Contratual
Esse tipo não prevê a criação de uma nova empresa. As empresas operam em parceria por meio de um contrato de responsabilidade limitada. Ganhos e perdas são compartilhados, mas não é necessário estabelecer uma nova pessoa jurídica para isso. Por consequência, o grau de autonomia da joint ventures é restrito.
Societária
Na joint ventures societária, nasce uma nova empresa em que o capital acionário é compartilhado entre as organizações envolvidas. Não chega a ser uma fusão, uma vez que as empresas “mães” continuam existindo, tampouco uma holding, pois uma parceira não se torna proprietária da outra: ambas compartilham a propriedade da pessoa jurídica originada da joint ventures.
Diferença entre joint ventures e holding
Uma joint ventures e uma holding são estruturas comerciais que envolvem a propriedade e a operação de uma ou mais entidades comerciais. No entanto, existem algumas diferenças entre as duas estruturas.
Uma joint ventures é um acordo comercial em que duas ou mais partes se reúnem para reunir recursos e conhecimentos para realizar uma tarefa específica ou desenvolver uma única empresa ou projeto. No entanto, uma joint ventures é uma entidade legal separada que é distinta de suas empresas controladoras.
A AutoLatina, sobre a qual falaremos depois, foi um projeto desenvolvido pela Volkswagen em conjunto com a Ford na América Latina como joint ventures, mas tanto Ford como VW eram empresas independentes, bem como a própria joint ventures tinha autonomia administrativa.
Por outro lado, uma holding é uma empresa “mãe” que detém o controle acionário de uma ou mais outras empresas, conhecidas como subsidiárias. A holding não se envolve nas operações diárias de suas subsidiárias, mas detém a propriedade delas. Elas são entidades legais separadas de sua holding, e quaisquer lucros ou perdas são retidos pela subsidiária.
Ainda no universo automotivo, um exemplo disso é o Grupo Stellantis, uma holding automotiva que se originou da fusão entre o grupo Fiat-Chrysler e o grupo PSA, reunindo sob sua propriedade as marcas Fiat, Chrysler, Alfa Romeo, Peugeot, Citroën, Dodge, Opel e outras marcas.
Quais são as vantagens de uma joint ventures?
Existem várias vantagens nas joint ventures que as tornam uma opção atraente para empresas de todos os tamanhos e setores.
Uma das principais vantagens de uma joint ventures é que cada parte obtém acesso aos recursos de outros participantes sem ter que gastar quantias excessivas de capital. Esse investimento compartilhado permite que as empresas reúnam seus recursos e combinem seus conhecimentos para obter benefícios conjuntos. Elas também podem ajudar as empresas a penetrar em novos mercados e aumentar sua base de clientes em algum segmento no qual sua presença ainda era inexpressiva.
Outra vantagem é a oportunidade de obter novos conhecimentos e percepções da outra parte. Isso pode ser especialmente valioso ao entrar em um novo mercado ou introduzir um novo produto ou serviço no mercado. Ao trabalharem juntas, as corporações podem alavancar o conhecimento técnico e o know-how umas das outras, o que pode levar a resultados mais inovadores e bem-sucedidos.
Além disso, oferecem riscos e custos compartilhados, tornando-as uma opção mais flexível para as empresas. Ao compartilhar despesas, as empresas podem reduzir seus encargos, despesas, custos financeiros e aumentar seu potencial retorno sobre o investimento (ROI).
Por fim, fornecem uma parceria temporária que pode ser encerrada se necessário. A flexibilidade permite que as empresas se adaptem às mudanças nas condições do mercado e busquem novas oportunidades com risco controlado.
Quais são as desvantagens de uma joint ventures?
Embora as joint ventures tenham inúmeras vantagens, elas também apresentam algumas desvantagens e riscos potenciais que as empresas devem considerar antes de entrar em um negócio como esse. Veja as principais possibilidades:
Uma desvantagem é que elas podem limitar as oportunidades externas para as empresas participantes. Isso ocorre porque os contratos de joint ventures geralmente restringem as atividades externas das organizações, enquanto o projeto está em andamento.
Outra desvantagem é que as joint ventures podem ser inflexíveis em termos de tomada de decisões e operações. Isso ocorre porque os objetivos da joint ventures costumam ser compartilhados e a tomada de decisões pode ser complicada devido ao envolvimento de várias partes com diferentes visões e prioridades.
Além disso, joint ventures podem incorrer em um desequilíbrio de expertise e envolvimento entre as partes, o que pode levar a conflitos e desentendimentos. Outra desvantagem potencial é um choque de cultura entre as empresas participantes, o que pode causar dificuldades na comunicação e colaboração, haja vista que as empresas podem ter procedimentos internos bastante distintos.
Por fim, pode haver problemas com divulgação comercial e conflito de controle, pois as empresas participantes podem ser obrigadas a compartilhar informações confidenciais entre si e ter ideias diferentes sobre como administrar a joint ventures. São, em geral, problemas de ordem gerencial, mas que devem ser levados em conta.
Dicas para ser bem sucedido em uma joint ventures
Se você está considerando participar de uma joint ventures com outra empresa, existem várias etapas importantes que você pode seguir para aumentar suas chances de sucesso. Dá uma olhada nas nossas dicas:
- Começar com planejamento cuidadoso: isso significa revisar sua estratégia de negócios para determinar se uma joint ventures se alinha com suas metas e objetivos. A realização de uma análise SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças) pode ser útil para identificar potenciais pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças relacionadas ao empreendimento.
- Realizar análises completas das metas e objetivos da joint ventures: inclui entender o mercado e a concorrência, identificar riscos e desafios potenciais, além de desenvolver um plano claro para atingir seus objetivos. A comunicação eficaz também é fundamental para garantir que todas as partes envolvidas tenham uma compreensão compartilhada dos objetivos, cronogramas e expectativas do projeto.
- Escolha o parceiro certo: procure uma empresa que compartilhe seus valores, visões e tenha habilidades e conhecimentos complementares. Defina claramente as funções e responsabilidades de cada parceiro também para evitar conflitos e garantir que todos trabalhem em prol de um objetivo comum.
- Estabeleça comunicação clara e processos de tomada de decisão: para tanto, faça reuniões regulares e relatórios de progresso para garantir que todos estejam na mesma página e que quaisquer problemas possam ser resolvidos prontamente.
Exemplos de joint ventures de sucesso
Veja algumas joint ventures que tiveram sucesso no mercado e marcaram as histórias das empresas participantes:
Unilever e Perdigão
Unilever e Perdigão anunciaram em 2007 uma parceria de joint ventures para operar no mercado de alimentos saudáveis, especialmente voltados à manutenção da saúde vascular: as marcas da família Becel. Além da gestão conjunta e da operação da empresa e produção de suas mercadorias, a parceria foi firmada para desenvolver em conjunto novos produtos e tecnologias no ramo alimentício.
Foi uma oportunidade na qual as empresas uniram o conhecimento da Perdigão no ramo de alimentos e a imensa disponibilidade de recursos e tecnologia. A joint ventures ainda existe e os produtos Becel estão disponíveis em mercados de todo o país.
Telecom e Telefónica
As gigantes empresas de telecomunicações Portugal Telecom e Telefónica da Espanha realizaram no final dos anos 1990 uma joint ventures para participar do processo de privatização e assumir o controle de algumas das principais companhias telefônicas do Brasil.
Essa companhia, que passou a operar com a marca Telefônica Brasil SA, eventualmente assumiu como única marca comercial a Vivo e, em 2012, adquiriu a operação de celulares do grupo Oi. Outras empresas, como GVT e Terra Networks também foram incorporadas à parceria.
Simba Content
A Simba Content é uma joint ventures que nasceu em 2016 de uma parceria entre Record, RedeTV! e SBT, com o intuito de negociar os sinais e conteúdos das três emissoras e seus respectivos canais fechados com empresas operadores de TV por assinatura e plataformas de streaming. A formação da joint ventures era também uma clara resposta aos projetos de digitalização do Grupo Globo e sua plataforma GloboPlay.
Kraft Heinz e NotCo
As duas companhias firmaram uma joint ventures que ficou com o nome de The Kraft Heinz Not Company. A parceria tinha como principal objetivo desenvolver e aprimorar a produção e a venda de produtos baseados em plantas, uma tendência em um mercado que observa atentamente o consumo de alimentos sem origem animal. Nessa parceria fica evidente o que cada uma pode oferecer: a Kraft Heinz oferece a sua estrutura produtiva alimentar, enquanto a NotCo entra com a tecnologia digital e produção de compostos artificiais.
Autolatina
A Autolatina foi um dos casos de joint ventures que ficou mais conhecido Brasil afora. Trata-se de uma parceria entre as subsidiárias da Volkswagen e da Ford na América Latina, criando a marca Autolatina. Essa empresa desenvolveu em conjunto alguns veículos em parceria para o mercado da América do Sul, México e Caribe.
Dessa forma, alguns veículos podiam compartilhar mecânica, partes estéticas e outras peças. O Escort XR3 tinha carroceria da Ford, mas usava o motor do Gol GTS. Já o VW Apollo e o Ford Verona eram praticamente o mesmo carro, mas com logotipos diferentes. O mesmo vale para Ford Versailles e Volkswagen Santana Quantum. Assim, as marcas tiveram economia nas linhas produtivas. A parceria, no entanto, não durou tanto, existindo entre 1987 e 1996.
Raízen e Femsa
A gigante industrial Raízen, associada ao Grupo Shell, se uniu ao Grupo Femsa Comercio para formar uma joint ventures que está fortalecendo o mercado de conveniência e pequenos comércios em diversas cidades brasileiras. Uma das marcas geridas pela parceria, por exemplo, é a já muito popular OXXO, que possui cerca de 1.200 lojas de proximidade no Brasil. Muitas delas atuam 24 horas por dia misturando vendas de produtos de padarias, mercearias e mini mercados em locais onde não cabe, por exemplo, um hipermercado.
Riscos de uma joint ventures: como evitar
Geralmente, a melhor forma de evitar riscos em uma joint ventures está em duas grandes ações: planejar e firmar um bom contrato.
O planejamento assegura que a sua empresa estará tomando a decisão correta, não apenas no que diz respeito à parceria, mas também ao próprio momento do negócio, as condições internas para implementação da parceria, os retornos em potencial que ela poderá trazer e as chances de fracasso da empreitada conjunta.
Levando tudo isso em conta e, é claro, mediante estrita negociação com o parceiro, o contrato da joint ventures precisa ser minucioso. Precisa definir responsabilidades, riscos e ganhos, canais de comunicação e colaboração, punições em caso de infrações e condições devidamente estabelecidas para rompimentos ou distratos.
Joint ventures é uma estratégia para o seu marketplace?
Uma joint ventures pode ser uma boa estratégia para o seu marketplace, mas é preciso avaliar com cuidado todos os fatores que mencionamos neste conteúdo. Por características de negócio, um marketplace é uma empresa que realiza parcerias o tempo todo, mas na condição de prestador de serviço.
A joint ventures pode ser uma boa saída para o seu marketplace quando, por exemplo:
- Se deseja lançar um novo produto no mercado que só você poderá vender;
- Aproximar-se de um parceiro estratégico para se lançar em um novo mercado;
- Compartilhar riscos e perdas na venda de produtos de alto valor agregado;
- Operar outros negócios em paralelo com o marketplace.
Dica: Criar um marketplace é uma excelente oportunidade de escalar qualquer modelo de negócio. Aprenda no nosso e-book como aplicar na sua empresa!
Conclusão
Joint ventures são práticas recorrentes no mercado para que as empresas possam ter mais chances de sucesso a custos e riscos compartilhados, bem como mais chances de se atingir um objetivo em comum. Mas envolvendo capital e outros recursos de ambas as organizações, uma parceria como essa precisa ser muito bem estudada, implantada e operada.
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