Este é um post de programador para programador.
Isso, você mesmo que escova bits, que bate no peito quando programa funcionalidades complexas, que se preocupa sempre em desenvolver um código de alta performance e que agora está prestes a programar sua brilhante startup de tecnologia, ou que já está desenvolvendo essa ideia há algum tempo.
Não é este seu perfil? Não tem problema, leia mesmo assim! Vai valer a pena, isso eu garanto.
Minha história como programador de startups
Há um tempo eu estava nessa mesma situação: sentado na frente do computador programando a minha startup.
Fui convidado pelo idealizador original a me tornar sócio do negócio, aportando horas de programação em troca de shares. Desenvolvi o website, que já não está mais no ar, e que tinha design arrojado, feito pelo excelente designer e meu amigo Jairo Roberto.
Passei seis meses dedicando a maioria das minhas noites para programar diversas funcionalidades, pensando em tudo que nossos futuros clientes poderiam querer e acertando cada aresta, para que o site ficasse impecável.
Era um serviço para as pessoas encontrarem profissionais de todos os tipos (professores, diaristas, churrasqueiros) e que pudessem atendê-las na data, horário e local que precisassem. E quem quisesse oferecer seus serviços era muito bem vindo, precisando apenas fazer o cadastro e marcar em uma agenda os dias e horários que tivesse disponíveis. O agendamento acontecia direto pelo site, que contava também com um sistema de avaliações, e todas essas coisas. Já viu algo parecido? Pois é, deve ser porque tem um monte… Mas enfim.
Com todo esse cuidado, uma plataforma com design pensado para uma ótima experiência de usuário e uma programação refinada, eu sabia que o sucesso estava garantido. Chegamos até a gravar um vídeo! Não via a hora de lançar o serviço, poder contar pra todo mundo qual era esse grande projeto secreto em que vinha trabalhando meses a fio.
Para minha grande decepção, não foi tão simples assim…
Depois de lançado, tivemos nos primeiros dias a enorme quantidade de dois cadastros: meu e do meu sócio. Fizemos posts no Facebook, até investimos algum dinheiro em anúncios do próprio Facebook e também do Google. Pedimos ajuda aos nossos amigos para curtir a página, recomendar para todos que lembrassem, divulgar como pudessem.
A ideia era mesmo legal, todos nos diziam isso e algumas pessoas até se cadastraram (chegamos a ter uns 50 usuários registrados). Mas poucas pessoas ofereciam algum serviço, e aquelas que completavam sua agenda então, somavam menos ainda: no máximo umas 5. Ah, e nenhuma contratação!
Na época eu não sabia sobre startups, nem meu sócio. Não conhecíamos Lean Startup ou qualquer outro conceito do tipo. Pensamos que era a falta de login por Facebook, e eu coloquei. Depois que era a falta de botões de recomendação, que também adicionei. Aconteceram mais alguns desses ajustes, adicionando novas funcionalidades que ajudaram muito pouco, e que em nenhum caso contribuíram para a taxa de conversão.
Passamos um tempo com essa “estratégia” mas, como nunca dava resultado, fomos desanimando. Aos poucos o projeto esfriou, paramos de falar nele, parei de programar, e ficou largado. Ninguém sentiu falta.
Hoje, depois de apoiar mais de 30 startups, nós do Ideia no Ar nos questionamos: por que não fomos (meu sócio e eu) mais simples, mais enxutos? Por que não perguntamos, em nenhum momento, o que nossos usuários queriam? Não sei, nem passou mesmo pela cabeça.
O mais irônico é que por aqui no Ideia no Ar cada um tem uma experiência parecida pra contar.
Com o Luis foi o Ticket Circus, com o Thiago foi a Universidade Invisível, com o Daniel foi o Snapay e com o Isaías foi o Gold Mariner. Em todos os casos passou por essa lógica (ou falta dela) de construir um produto robusto e completo — que só se esquecia de resolver de fato algum problema relevante, de maneira simples. O mais importante!
Felizmente, de alguma forma todos viemos a ter contato com startups, com pessoas que nos ajudaram a pensar diferente e aos poucos contribuíram muito para mudar nossa mentalidade. E de lá pra cá, com mais de 2 anos trabalhando com inovação e tecnologia, podemos dizer que aprendemos a nossa lição.
3 Princípios para o programador de Startups de Sucesso
Hoje orientamos o desenvolvimento das startups com base em 3 princípios:
#01: Precisa resolver um PROBLEMA REAL
Resolver um problema real basicamente significa suprir alguma necessidade ou atacar algum incômodo de outras pessoas.
Temos a mania de enxergar um problema que as vezes surgiu da nossa cabeça, ou que é muito específico, e então pensamos ter uma grande ideia. Mas não paramos aí; começamos a falar para amigos e outras pessoas próximas, que não questionam e não nos abrem os olhos para a realidade, para os pontos de atenção, afinal eles não querem nos contrariar.
E sejamos francos, mesmo que o fizessem, a ideia é tão perfeita (na nossa cabeça) que vamos construir os mais variados argumentos para derrubar aquele feedback sincero que poderia nos ajudar a repensar todo o modelo.
A partir daí é só fazer e ficar rico, certo? Não. É preciso sair da zona de conforto e ir à rua, entrevistar pessoas e validar a ideia, então desenhar uma real estratégia, com métricas claras a serem acompanhadas, ao invés de passar meses construindo a plataforma dos sonhos para, depois, quebrar a cara.
#02: Deve ser SIMPLES
Quando chegar o momento de construir o website ou aplicativo, ele precisa ser simples.
No nosso caso, poderíamos usar o que já estava pronto e facilmente ao nosso alcance, ao invés de reinventar a roda. Por que não usar o Google Agenda para testar?
Não seria o mais bonito de se fazer, mas com certeza sairia bem mais barato, e poderia ser usado para começar os testes da ideia em algumas poucas horas. Na verdade, até antes disso, poderia empregar ainda uma Landing Page para testar o interesse, onde a única programação seria para capturar emails dos interessados.
#03: Tem que gerar RECEITA, se tornando sustentável
Quanto ao modelo de receita, que é fundamental para viabilizar o negócio, nunca surgiu para esta minha startup de agendamentos.
Até existiu, mas era baseado na premissa de que teríamos milhares de usuários registrados e contratações acontecendo desde o começo. E já contei que não foi por esse caminho…
Agora temos no Ideia no Ar uma metologia enxuta, que se preocupa em descobrir o real problema e criar uma solução simples e viável, que funciona, gera resultados e tem sido elogiada por todos os nossos clientes/parceiros.
E é desafiador, porque fazer coisas simples de alta relevância exige dedicação, pensar fora da caixa, criar soluções de fato inovadoras.
Está pensando em começar uma Startup? Conheça o Ideia no Ar e veja como podemos te ajudar.