A inovação é um ativo muito valioso para as grandes empresas. Por isso, elas começaram a estruturar formas sofisticadas de se relacionar com startups e incentivar propostas inovadoras de negócio. Estamos falando da estratégia de Corporate Venture: corporações que investem em startups.
Para você ter uma ideia, 75 das 100 empresas Fortune realizam ações de aproximação com startups (ACE Startups). Além disso, segundo a CrunchBase e CBInsights, em 2019 houve mais de 3.000 investimentos de corporações em startups.
Neste conteúdo você irá entender o que é corporate venture, quais as vantagens tanto para as corporações, como para os novos negócios, entender boas práticas de corporate venture e compreender de que maneira as grandes empresas se relacionam com estas empresas inovadoras. Acompanhe conosco!
O que é Corporate Venture?
O Corporate Venture, também conhecido como CV, refere-se aos esforços de uma empresa para gerar iniciativas empreendedoras. Isso envolve tanto ações internas, relacionadas ao intraempreendedorismo, quanto externas, como a aproximação com startups, por exemplo.
Por isso, podemos dizer que o Corporate Venture é um tipo de iniciativa de inovação aberta, no qual grandes corporações visam inovar apostando em novos modelos de negócios. Dessa forma, a empresa não fica fechada em seus próprios processos.
O contato com iniciativas criativas e inovadoras pode ser muito benéfico para a expansão de qualquer grande empresa, mesmo que ela já esteja consolidada no mercado. Os aprendizados podem impactar diversas áreas da organização, desde o atendimento ao cliente, o aprimoramento dos produtos e até a otimização de processos.
Vantagens do Corporate Venture
O Corporate Venture é muito importante para as grandes empresas, principalmente em um contexto no qual diversas startups já desbancaram corporações consolidadas. Por exemplo, o WhatsApp fez isso com os serviços de SMS, o Uber está acabando com os táxis e o Nubank está concorrendo com os bancos. Aliás, esses são bons exemplos de inovação disruptiva.
Diante disso, a conexão e a troca de experiências entre empresas tradicionais e startups pode ser muito vantajosa. Essa aproximação permite ter um olhar mais criativo e inovador, além de identificar as oportunidades do mercado e estar sempre atualizado. Afinal, vivemos em um mundo em constante transformação.
Isso garante a competitividade das empresas e pode, inclusive, contribuir para que as corporações consigam expandir o seu nicho de mercado, por meio de parcerias, criação de novos modelos de negócios e spin-offs.
Tipos de Corporate Venture
Agora que você já conhece as maiores vantagens do Corporate Venture, vamos entender quais são os diferentes formatos dessa estratégia.
Corporate Venture Interno (CVI)
A estratégia interna de Corporate Venture envolve as iniciativas de intraempreendedorismo. Ou seja, trata-se da prática de empreender dentro de uma empresa, enquanto colaborador.
Assim, a organização incentiva que os próprios funcionários desenvolvam protótipos e ideias de novos produtos e processos. Se os projetos forem relevantes, a empresa apoia o lançamento e participa dos lucros obtidos.
Corporate Venture Externo (CVE)
Já o Corporate Venture externo está mais relacionado à ideia da inovação aberta. Nessa iniciativa, as grandes empresas tentam se aproximar de startups, aceleradoras e incubadoras. Esse contato com o ecossistema empreendedor permite a criação de soluções inovadoras e rentáveis.
Inclusive, algumas corporações compram startups ou investem nesse tipo de negócio. Em contrapartida, a startup recebe apoio na estratégia ou linhas de crédito, por exemplo. Tal tipo de projeto, onde a empresa faz o Corporate Venture investindo em fundos para startups, é chamada de CVC ou Corporate Venture Capital.
Corporate Venture Building
Diferentemente dos outros tipos, o Corporate Venture Building é uma estratégia com foco na criação e desenvolvimento de um novo negócio a partir de uma empresa-mãe. Essa nova iniciativa nasce de forma independente ou complementar ao core business da corporação que a detém, mas com o viés de conceber ideias disruptivas.
Em vez de investir em startups, por meio do Corporate Venture Externo, grandes empresas aportam capital para criar suas próprias “startups corporativas”, que podem vir a ser novas unidades de negócio ou mesmo spin-offs corporativos. Assim, o Corporate Venture Building entrega mais alinhamento com os objetivos da companhia e incrementa o potencial de inovação de olho em modelos de negócio com potencial de escala e disrupção de mercados.
Corporate Venture Capital (CVC)
O CVC, como mencionado no item anterior, representa o aporte direto de investimentos em startups por parte de grandes corporações. Isso pode ser feito por meio de hubs criados pelas corporações, por meio de fundos de investimento ou pela compra direta de parte ou da totalidade do capital acionário da startup.
Nestes casos, a startup tem a vantagem de receber grandes volumes de dinheiro para acelerar seu crescimento com contratações, compra de ativos, desenvolvimento de produtos e tudo o que for necessário para expandir o negócio.
Exemplos de corporate venture
Existem muitas empresas consolidadas que estão investindo em Corporate Venture, por conta das muitas vantagens que essa estratégia apresenta. Conheça alguns exemplos de sucesso abaixo:
Inovabra do Bradesco
O InovaBra, do Bradesco, é um grande caso de iniciativa do Corporate Venture. O banco criou um ambiente de coinovação, que atua tanto de forma física quanto digital. Assim, é possível a interação de grandes empresas, startups, investidores e parceiros em prol da inovação.
O foco do Inovabra está nos segmentos de insurtech, healthtech, data analytics, big data, conectividade digital e segurança digital.
Youse da Caixa
A Youse é uma startup spin-off que foi criada pela Caixa Seguradora. Trata-se de um aplicativo de seguros que conquistou principalmente os jovens, pela praticidade do atendimento online e a burocracia reduzida. A empresa oferece algumas das opções mais acessíveis de seguros do mercado.
Cubo do Itaú
O Cubo Itaú é uma comunidade lançada em 2015, que conecta as melhores soluções para construir grandes cases de inovação para o mercado. O projeto conquistou o selo de mais relevante hub de fomento ao empreendedorismo tecnológico da América Latina.
Formas de aplicar o Corporate Venture
Você já sabe quais são as vantagens de realizar o Corporate Venture. Mas, existem diferentes formas de aplicar essa estratégia, desde as mais pontuais até aquelas que necessitam de um comprometimento maior por parte da empresa.
Eventos
Uma das maneiras mais rápidas de realizar uma estratégia de CV acontece por meio de eventos, como hackathons. Nesse caso, a empresa reúne startups, empreendedores e profissionais do nicho de mercado para criarem soluções a fim de sanar algum tipo de problema da corporação.
Desse modo, podem ser criadas plataformas, produtos e serviços durante o evento, que acontece em um dia ou fim de semana, por exemplo. Além disso, o evento é uma ótima oportunidade para identificar startups que poderiam ser parceiras.
Programas de incubação e aceleração
A empresa também pode se aproximar de programas de incubação ou aceleração. Normalmente, estes espaços contam com empreendedores e startups que estão à procura de mentores, investidores e parceiros de Corporate Venture.
Coworkings
Os coworkings ou escritórios compartilhados seguem a lógica da economia compartilhada e prezam pela capacidade de networking e troca de experiências.
Por isso, se a sua empresa quer inovar por meio do Corporate Venture, uma dica pode ser participar de espaços de coworking. Isso pode ajudar você a ter a oportunidade de trabalhar lado a lado com startups e outras iniciativas inovadoras.
Intraempreendedorismo
Você também pode iniciar uma estratégia de Corporate Venture dentro da sua própria empresa. Estabeleça programas de intraempreendedorismo para que os seus colaboradores possam ter mais autonomia, inovarem processos e gerarem ideias.
Esse tipo de projeto é muito benéfico para aprimorar os produtos e serviços, além de reter talentos e valorizar a sua equipe.
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Fusões e aquisições
Além de estabelecer parcerias com startups e iniciativas inovadoras, uma organização pode até mesmo adquirir uma startup que seja estratégica. Ou, pode realizar uma sociedade com esse tipo de negócio.
Essa forma de Corporate Venture já exige um grau de comprometimento e também de investimento maior, mas pode ser muito vantajosa a longo prazo.
Spin-off
Outra forma de Corporate Venture bastante vantajosa é a criação de spin-offs, que são empresas derivadas do seu negócio já existente. Ou seja, a estratégia consiste em criar novos modelos de negócios, cujo nicho de mercado pode ser, inclusive, diferente da sua área de atuação atual.
Dessa forma, é possível ampliar as fontes de receita e diversificar o alcance da empresa. Esta é uma das formas mais inovadoras de expandir uma corporação. E, o novo negócio pode ser baseado em diferentes modelos digitais, como marketplace ou SaaS, por exemplo.
Melhores práticas de Corporate Venture
Contudo, o investimento de corporate ventures não virá para startups de “mão beijada”. Diversas boas práticas são recomendadas para que os negócios inovadores possam chamar a atenção de empresas dispostas a realizar investimentos. Veja algumas:
1. Defina seus objetivos e ambições
A sua empresa precisa saber onde quer chegar. Objetivos bem definidos são um requisito mínimo para que uma corporação possa achar a sua startup um negócio interessante de receber investimentos. Os objetivos, naturalmente, precisam ser tangíveis e mensuráveis.
Mais do que tangíveis e mensuráveis, eles precisam ser desafiadores e ambiciosos. A sua empresa deve ter a intenção de crescer pelo menos 10 vezes em receita nos próximos 3 anos para que ela receba qualquer atenção. Afinal, toda corporação espera grandes contrapartidas de seus investimentos, haja vista o risco envolvido na operação.
2. Compartilhe os critérios de sucesso e resultados esperados da parceria
Transparência neste tipo de negócio é tudo. Detalhar com clareza quais serão as métricas e os critérios de mensuração do sucesso da parceria vai ajudar a sua empresa a negociar com corporações, ouvir feedbacks, receber mentorias para aceleração e até mesmo iniciar diálogos para o recebimento de aportes de investimento.
Desde o início, é muito importante que o seu negócio projete quais serão os resultados esperados da parceria, definindo os benefícios e os riscos tanto para a startup, quanto para a corporação. Este será um aspecto chave a ser discutido nas rodadas de negociação.
3. Arrume a casa antes de se conectar com o ecossistema
Não importa o estágio no qual a sua startup está: da ideação à tração, é muito importante estruturar todos os seus recursos internos antes de avançar em suas relações com o ecossistema ou procurar investimentos.
Isto é importante porque se a sua empresa buscar investimentos de corporate venture estando desorganizada internamente, as chances de sucesso tornam-se praticamente nulas. Veja: o investimento, em si, já tem riscos o suficiente. Se a startup investida for “bagunçada”, o risco para a corporação aumenta consideravelmente.
Para se estruturar, é importante ter todos os dados financeiros de sua empresa na ponta do lápis, consolidar a estrutura organizacional, definir com clareza o que a empresa faz, quais os desafios, quem são os principais concorrentes e seus principais diferenciais e definir também que dores a startup resolve, entre outros aspectos.
4. Cuidado com as armadilhas de velocidade, burocracia e choque cultural
Os Startups precisam também ter cuidado com os contatos que realizam. Há oportunidades de venture capital que aparentemente vêm rápido, mas podem conter “pegadinhas”: tais como a venda compulsória de parte do equity, detalhes burocráticos que prejudicam a startup e investimentos que podem parecer atrativos, mas que reduzem o potencial de crescimento do negócio.
Certifique-se de entender muito bem os termos dos negócios durante as rodadas de negociação. Se houver contratos e documentos, leia com atenção e esteja ciente das obrigações e retornos que sua empresa terá.
Benefícios para as corporações
As corporações já perceberam que investir em venture capital possui riscos, mas que a contrapartida de benefícios vale a pena. Em geral, essas empresas lucram montantes absurdos de dinheiro quando as startups por elas investidas conseguem acelerar e crescer com sucesso.
Além disso, evidentemente, as corporações também conseguem ter acesso a produtos e serviços inovadores desenvolvidos pelas startups, muitas vezes em condições exclusivas, o que dá uma vantagem muito estratégica em relação à concorrência.
Mesmo nos casos em que a inovação é incremental, ou seja, não disrupta totalmente o modelo de negócio do mercado, as corporações investidoras também têm grandes ganhos de receita e eficiência ou considerável redução de custos.
Vantagens para as startups
As startups também possuem diversos benefícios ao se relacionar com grandes corporações.
O maior de todos, evidentemente, é a entrada de dinheiro para a empresa se estruturar. Este costuma ser o maior desafio das startups, em especial aquelas em estágio inicial e em que o empresário não tem recursos próprios para aplicar: receber investimentos. Por isso, o corporate venture pode ser a oportunidade para o negócio, de fato, ganhar forma.
Mas, para além do dinheiro, os negócios digitais também recebem valiosas mentorias. Trocam conhecimentos com experientes agentes do mercado e com outras startups em fase similar, o que proporciona um grande network e o know how necessário para minimizar riscos e aproveitar as oportunidades de maneira mais assertiva.
Conclusão
Iniciativas de corporate venture têm ajudado a transformar o cenário da inovação no Brasil nos últimos anos. Destes investimentos têm nascido algumas empresas unicórnio que estão contribuindo para a melhoria de produtos e serviços para todo o mercado consumidor. E você, empreendedor de negócio digital, também pode ter acesso a ações corporativas. Vamos tentar juntos?
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